Guerra, Ética, Etologia

##plugins.themes.bihistory.article.main##

Abstract

O objetivo deste artigo é o de estabelecer uma narrativa macrohistórica acerca da emergência da guerra e da ética social como condições simplesiomórficas na linhagem de Homo sapiens. Isso significa que esses dois aspectos comportamentais, que representam um ramo bastante seleto na árvore filogenética da ordem dos Primatas, são compartilhados por duas linhagens de grandes símios africanos que divergiram de um ancestral comum por volta de seis milhões de anos atrás, resultando em humanos e chimpanzés extantes. Dessa forma, o artigo propõe uma interpretação etológica para a guerra e para a ética social, sendo ambas inatas de uma mente social modular altamente especializada, presente tanto nas espécies do gênero Homo quanto do gênero Pan. Não obstante essa interpretação, o artigo conclui que restrições comportamentais à violência interssocietária coalizacional parecem ser um aspecto exclusivo da cognição modular transdominial que caracteriza os humanos modernos. Assim, se na longa duração evolucionária, a guerra e as restrições à violência intrassocial aparecem em certa medida como traço etológico comum a humanos e chimpanzés, uma ética da guerra – e a capacidade cognitiva para a paz interssocietária – parece ser uma capacidade exclusivamente humana.

##plugins.themes.bighistory.article.details##

Section
Articles

References

AIELLO, L., DUNBAR, R. Neocortex size, group size, and the evolution of language. Current Anthropology, v. 34, n. 2, p. 184-193. 1993. DOI: 10.1086/204160.

AURELI, F. et al. Fission-fusion dynamics: new research frameworks. Current Anthropology, v. 49, n. 4, p. 627-654. 2008. DOI: 10.1086/586708.

BARNOSKY, A. e KRAATZ, B. The role of climatic change in the evolution of mammals. BioScience, v. 57, n. 6, p. 523-532. 2007. DOI: 10.1641/B570615.

BAUERNFEIND, A. et al. A volumetric comparison of the insular cortex and its subregions in primates. Journal of Human Evolution, v. 64, n. 4, p. 263-279. 2013. DOI: 10.1016/j.jhevol.2012.12.003.

BRAUDEL, Fernand. Escritos sobre a História. São Paulo: Perspectiva, 2009.

CAMERON, D., GROVES, C. Bones, stones and molecules: ‘out of Africa’ and human origins. San Diego: Elsevier, 2004.

CHRISTIAN, David. Macrohistory: the play of scales. Social Evolution & History, v. 4, n. 1, pp. 22-59, 2005.

FERGUSON, C. e BEAVER, K. Natural born killers: the genetic origins of extreme violence. Aggression and Violent Behavior, v. 14, n. 5, p. 286-294. 2009. DOI: 10.1016/j.avb.2009.03.005.

FOLEY, R. Os humanos antes da humanidade: uma perspectiva evolucionista. São Paulo: UNESP, 2003.

LADEIA, I., FERREIRA, P. A história evolutiva dos primatas. In: Neves, W. et al (orgs). Assim caminhou a humanidade. São Paulo: Palas Athena. p. 48-85. 2015.

MITHEN, S. A pré-história da mente: uma busca das origens da arte, da religião e da ciência. São Paulo: UNESP. 2002

OTTERBEIN, K. A history of research on warfare in anthropology. American Anthropologist, v. 101, n. 4, p. 794-805. 1999. DOI: 10.1525/aa.2000.102.4.834.

PAMPUSH, J. et al. Homoplasy and thick enamel in primates. Journal of Human Evolution, v. 64, n. 3, p. 216-224. 2013. DOI: 10.1016/j.jhevol.2013.01.009.

NORDHAUSEN, M., OLIVEIRA Filho, P. Nós, primatas. In: Neves, W. et al (orgs). Assim caminhou a humanidade. São Paulo: Palas Athena. p. 14-47. 2015.

ROSCOE, P. Intelligence, coalitional killing, and the antecedents of war. American Anthropologist, v. 109, n. 3, p. 485-495. 2007. DOI: 10.1525/aa.2007.109.3.485.

SHULTZ, Susanne; OPIE, Christopher; ATKINSON, Quentin. Stepwise evolution of stable sociality in primates. Nature, v. 479, n. 7372, p. 219-222. 2011. DOI: 10.1038/nature10601.

WRANGHAM, R., PETERSON, D. Demonic males: apes and the origins of human violence. Boston: Mariner, 1996.